O QUE OS JOGOS OLÍMPICOS ME ENSINARAM?
Que as vaias
incomodam. Que brasileiro não tem o que
Temer. Que a trégua, o arrego, é dado e que o estado paralelo, dentro do Estado
paralelo, é quem manda. Que complexo de vira lata é ultrapassado (Embora alguns
engravatados insistam em querer fatiar e ceder o que é nosso, em “tenebrosas
transações”).
Que o Galvão
já deu. Que Neymala e Cia ltda resolveram ganhar o ouro, depois que perceberam
que o menos em jogo nos jogos é a vaidade individual. Mas no final, o maior
‘ídolo nacional’, achando já ser um Zagallo com 5 Copas nas costas, manda um “vocês vão ter que me engolir”! Difícil
demais. Que assim como em outros séculos, os gringo vieram aqui e levaram nosso ouro, prata, bronze...
Que a
continência dourada é algo além da troca. Do escambo. Que têm outros tantos e
tantas atletas a míngua. Abandonados a própria sorte. Muitos, tendo que fazer
bingo pra arrecadar grana e assim poder viajar e competir. Que a mídia que
cobriu os jogos e que chegou a fazer dezesseis canais para transmitir o evento
em tempo real, não deu sequer um minuto para as vozes dos desabrigados e
desalojados que cederam seus barracos e bairros para os equipamentos olímpicos.
Que a
‘limpeza’ feita pela prefeitura no centro carioca, chegando ao cúmulo de tampar
um viaduto e deixar destampado quando tinha uma escola pra se ver, e não uma
favela, não teve tanta repercussão assim. Que a mulher dançando com a máquina
na abertura das paraolimpíadas foi uma das cenas mais emocionantes que já vi na
vida. Que a mídia, sempre ela, não dá a mesma pelota pros atletas paraolímpicos
(que são lembrados um cadim em época
de jogos).
Que o importante é ganhar medalha e não
competir. Mas hein!? Que vaias incomodam. Que bandido evita aparecer em
público. Que a eleição se aproxima e o legado é deixar largado. Que não há
resultado sem incentivo. Econômico e moral. Que as mulheres negras campeãs olímpicas são f*&$#a pra
car*&¨¨#$o!!! Campeãs mil vezes! Ser mulher e negra no Brasil e ainda
estar viva já é um fato digno de medalha...
Que o melhor e
o pior da gente é a gente. Que tem muito gringo babaca que acha que pode vir
aqui e esculachar ainda mais. Que apesar dos pesares, o Rio continua lindo. E
que o carioca tem que aprender que o Rio não é só dele. Aliás, como Ouro Preto
não é só dos ouro-pretanos. Nem Mariana só dos marianenses...
O que eu mais aprendi com os
jogos foi isso. Talvez essa seja a maior mensagem deles. O que aprendi foi
mesmo isso. E queria que essa interação olímpica que foi tão linda, fosse algo
perene. Que assim como no esporte, muçulmanos, gays, judeus, palestinos,
israelenses, negros, e etc, etc, etc se respeitassem e pronto. Que as
fronteiras, o passaporte, não aprisionassem ainda mais pensamentos e sonhos.
Somente isso.
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