21 de dez. de 2016

#TRAGÉDIAS



Tragédias chegam e arrebatam as vidas. Dos que vão e dos que ficam...

Elas, as catástrofes, acontecem para evidenciar que diante da vida e do curso dela, como diria Nietzsche, este seu vir a ser do acaso, nos mostra que além de impotentes, não podemos planejar nada...

            No último dia 29, dia em que o mundo se solidarizava com a equipe de Chapecó, eram completados dois meses de uma tragédia pessoal. Minha irmã, a primogênita, e minha madrinha, abandonava este plano de maneira trágica...

            Tem sido duro conviver com esta tragédia. Mas como diria Raul, “é de batalhas que se vive a vida”...

            Melhor tentar buscar a poesia deste time, que entra para história de maneira trágica, mas que deve ser lembrado pelo sublime da poesia. Como o Airton, os Mamonas e minha irmã... O lado bom e doce do sorriso...

            Outra tragédia me abalou este ano. Meu amigo Neulbert, o Gogó, também nos deixou. Vítima de um acidente na Pandiá Calógeras. Aliás, ainda esperamos por redutores de velocidade no Morro do Gambá e que sua morte não tenha sido em vão...

            Tragédias são inúmeras. E infelizmente sempre nos abaterão. E é sempre por isso, e pela inconsistência da vida, que devemos sempre tentar outra vez.

            Pode parecer piegas, mas é sempre nessas horas que apelamos para finitude, e para o fato do privilégio de estarmos plenos. Nessas horas, todos se condoem, numa corrente universal de prosperidade e reflexão, que pena, durará somente até a próxima tragédia, ou menos que isso... Mas até lá, todos se darão conta de que somos apenas partículas de nada flutuando na imensidão do infinito...

            Mesmo assim, seguiremos congelando investimentos, fazendo guerras, matando, morrendo, torcendo, vibrando, rezando, chorando, implorando, trabalhando, correndo, criando, transando, rindo, gozando e provocando crises, tragédias, amores e dores na teia desta narrativa maluca e imprevisível...

            Para além dos gregos, das filosofias, dos estratagemas, das performances e dos cães que lattes e mordem, para além das bombas atômicas e dos desastres químicos e aéreos, para além das defesas milagrosas do agora de fato “são Danilo”, e das bolsas cortadas ou congeladas, para além das tragédias cotidianas do aluno que vai mais cedo pra casa porque não tem merenda, ou pelo moribundo que morre na fila do hospital, é preciso que percebamos, antes do suspiro final, que sem o outro, não somos nada. E que nos inquietemos pelas tragédias sociais cotidianas que assolam este país...

É somente através do amor, e não somente pelo amor próprio, que conseguiremos a plena evolução. Pois ninguém é dono de nada. Apenas usufruímos efemeramente das coisas que nos cercam e só. Se paga pra nascer, viver e morrer. Acredito que somente o amor, o amor pleno, pelas coisas que valem realmente à pena, é que nos salvará de uma tragédia ainda maior.  

Várias coisas me chegaram pela rede com respeito a este recente e dolorosa tragédia. Uma delas era um texto em ‘homenagem’ ao Danilo, goleiro da Chapecoense que foi resgatado com vida, mas que infelizmente acabou falecendo, que era uma espécie de testemunho do próprio goleiro, e o fato de que se ele soubesse não teria feito a defesa que garantiu o time na final.

Fico me perguntando...

 Será? Tivesse ele o dom da profecia, teria renegado a consagração efêmera da vitória? Seria um derrotado vitorioso ou um vitorioso derrotado????

E mais que isso, como seria a vida se pudéssemos prever o acaso? Ou mais que isso, feito o filme De volta para o futuro, pudéssemos interferir no fluxo imprevisível e natural das coisas ???
                                                    ...
Uma coisa tenho certeza. 2017 será melhor. Não há como um ano tão pavoroso como este se repetir, e longe de mim, saravá, querer aqui fazer uma retrospectiva das tragédias deste ano, pessoais  e coletivas...

Para além das previsões apocalípticas e pessimistas, quero deixar um alento. O alento da fé. Embora eu seja pessimista, nestas horas, agarro-me na teoria Tiriricana: Pior que ta não fica!

Sigamos com amor e fé, apesar dos desastres. Feliz 2017 para todos repleto de paz, felicidade e sem nenhuma tragédia! 

Axé!!!

#AORDEMÉSUCATEAR