Cansado
Sinto-me empapuçado. Cansado
com as notícias, realidade, pessoas, jornal e carnaval...
Também feliz, por minhas
realizações pessoais. Mas para além do egoísmo, paira em mim um sentimento
transbordante de revolta, inquietude e impotência.
Como podemos ser tão
hipócritas a ponto de acharmos que estamos na condição de exigir mudanças.
Putz. Logo nós, que não devolvemos o troco errado. Nós, que sempre damos um
jeitinho. O famoso jeitinho.
Nós, que não
cedemos o lugar no busão, que tomamos
o que é do outro, que desviamos o dinheiro público, que matamos a troco de
nada. Nós que discriminamos, matamos, roubamos, cortamos, torturamos e
enterramos em pedacinhos...
Nós que cobramos a redução
da maioridade penal porque afinal, nossos presídios andam tão vazios não é
mesmo? Vazios de rico. Nesse país desigual do carnaval...
Carnaval milionário e
mortal.
Quantas
outras vidas precisam ser perdidas para o carnaval de Ouro Preto ser repensado
e mudado?
Quantos outros milhões
precisam ser gastos com a folia?
Quantas e quais serão nossas
prioridades e retóricas?
Insisto. Enquanto não formos
melhores, na acepção da palavra, melhores pais, filhos, mais éticos e plenos, mais
inteligentes, mais leitores (viu seu Caio Castro), mais educados, esclarecidos
e altruístas, além de humanos, jamais chegaremos perto de uma rua, cidade ou
país melhor. Pra todos de fato.
É porque é sempre mais fácil
achar que a culpa é do outro, como diria Raul. Feito parente sabe!? Que a gente
mete o pau, mas não admite que o outro fale mal.
Quantos Tingas não são discriminados todos os dias no Brasil? Quantos Amarildos não somem todos os dias?
Quantas mulheres não estão sendo espancadas agora?
Eleição. Palavrão.
Manifestação. Copa. Povão. Mais valia.
O que vale a pena? Tudo. Se
a alma não for pequena.
Pra começar, basta assumir a
culpa. Nossa máxima culpa. E tentar melhorar só um cadim. Já será um bom começo.
A revolução começa dentro da
gente.
#LIBERTESEUSOUVIDOS